Aquele livro fininho, com uma moça desenhada na capa. Aquele que chama a atenção por sua cor alaranjada e pelo selo de ganhador do Jabuti, bem ali na capa. É esse mesmo que você já pegou numa das livrarias e acabou deixando de lado. Sabe qual estou falando? Pois é. A Mocinha do Mercado Central, de Stella Maris Rezende, caiu em minhas mãos graças a um presente inesperado. Regalo desses que a gente precisa e nem percebe. Até que se ganha, se encanta e descobre o que estava perdendo.
Seu segredo está tanto na simplicidade quanto na complexidade. Escrito de forma sutil, com um mineirês que dá orgulho, a trama traz Maria Campos em sua trajetória pelo país. A garota – fruto de um estupro sofrido por sua mãe -, que sai de uma pacata cidade no interior e descobre várias outras pelo Brasil e suas múltiplas personalidades. Cada uma dessas facetas representada por um nome diferente, escolhido a dedo, em razão de seu significado.
Ao ler a apresentação, feita por ninguém menos que Selton Melo – que também é um personagem do livro – já me apaixonei. As sutilezas da autora, a cada virar de página, seja para relatar os pensamentos da protagonista ou suas inúmeras viagens – em cada sentido da palavra – me conquistaram. E acredito ser o que prende o leitor, mesmo que ele não sinta isso a princípio. A narrativa conquista.
Seja como Maria, Zoraida, Gilda, Selma ou Teresa, a personagem assumiu a vida que queria e viveu. Há passagens tristes. Comentários bobos, de menina mesmo. Há romance, drama e sobretudo esperança.
É daqueles livros que você quer ver numa tela de cinema, porque sabe que daria uma boa adaptação e consegue até ver uma Hermila Guedes mineira e mais nova no papel. É desses para se reler de vez em quando. Que se pega pensando em uma passagem e se lembra exatamente do sentimento que teve ao ler. É daqueles para se ter na estante, pois sua presença acalenta o coração, faz lembrar que os tempos da literatura brasileira não são tão anêmicos assim e que muita coisa boa ainda pode vir por aí. Quando você menos espera.
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- Stella Maris Rezende é, além de escritora, mestra em Literatura Brasileira pela Universidade de Brasília, professora, cantora, atriz, artista plástica e dramaturga.Tem dezenas de livros publicados entre romances, novelas, crônicas, contos, poemas e uma peça teatral, para o público adulto e o infanto-juvenil. Recebeu importantes prêmios da literatura nacional, sendo o mais recente o Prêmio Barco a Vapor/Fundação SM em 2010. Passou boa parte da infância em Belo Horizonte mas desde 2007 mora no Rio de Janeiro. Para saber mais sobre ela, visite o site da autora.
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A MOCINHA DO MERCADO CENTRAL
Autora: Stella Maris Rezende
2011, 112 páginas, Globo LivrosOnde comprar?
– Saraiva
– Livraria Cultura
- FNAC
– Siciliano
– Estante Virtual (novos e usados)
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