A coluna “Escrita em Progresso” é feita pelo escritor, dramaturgo e encenador Juarez Guimarães Dias. Aqui você acompanha de perto a criação do romance “A Casa da Senhora H”, que revela a história da Casa de Hilda Hilst, seus espaços e habitantes, entre personagens e objetos, mitos e narrativas, no período em que foi residência oficial da autora. A obra recebeu o Prêmio Biblioteca Nacional/ Funarte de Criação Literária, edição 2012.
13 de março de 2014. O romance “A Casa da Senhora H” ganha, finalmente, seu corpo de texto. Depois de intensos meses de pesquisas, levantamentos documentais e entrevistas, experimentos, a colcha de retalhos começa a se formar. A rotina de escrita agora é diária, muitas vezes até 10 horas diante do teclado, reunindo nessa tapeçaria fragmentos já escritos, textos novíssimos em folha. A Primeira Parte está concluída e compartilho um excerto do texto de abertura e os títulos dos 25 pequenos capítulos que traçam a trajetória da Senhorita H na construção de seu Projeto, de vida e trabalho, do qual a Casa é sua materialização. Apreciem!
“NO PRINCÍPIO ERA O VERBO. Naquela noite, o Senhor Cara de Cão lhe apareceu num sonho, mas como muitas vezes era do seu feitio não deixar vestígios, ao acordar a Senhorita H não se lembrou dele, mas da voz. Disse o Senhor à Poeta: Se tens um Projeto, então constrói a Casa e faz dela tua Obra. Vestia a cara de um cão e terno de fino corte, ereto e austero, os cabelos em goma, as pesadas orelhas emolduravam a fronte. E não estava só. A Senhora de Chapéus o acompanhava e pareciam posar para uma fotografia. Mamãe, a Senhorita H pensou enquanto os observava encontrarem a melhor posição, os pés tocando a terra sob o vasto campo de capim barba-de-bode da Fazenda, protegidos do sol escaldante pela sombra da Figueira. A Senhora de Chapéus acenou, parecia vê-la. O Senhor Cara de Cão, que agora tinha o semblante do Pai, o Pai Louco, o Pai Ausente, o Pai Amado, prosseguiu: Assenta-te, Hilda e ergue a Obra. Se tens um Projeto, é preciso Tempo. É mais tarde do que supões.
PRIMEIRA PARTE: O PROJETO
CAPÍTULO 1. A Senhorita H tem um Projeto
CAPÍTULO 2. Sou meu Pai e minha Mãe
CAPÍTULO 3. A pessoa é para o que nasce
CAPÍTULO 4. Ela teve uma infância muito feliz
CAPÍTULO 5. Uma menina bem educada
CAPÍTULO 6. Ela queria compreender a Morte
CAPÍTULO 7. Essa é você, um grito que se abre!
CAPÍTULO 8. Uma imaginação prodigiosa
CAPÍTULO 9. Essa sou eu, uma maneira de ser
CAPÍTULO 10. Amarás teu Pai como a ti mesma
CAPÍTULO 11. Anjos de asas brancas
CAPÍTULO 12. Papa don’t preach
CAPÍTULO 13. Na companhia dos homens
CAPÍTULO 14. Uma colega, uma amiga, uma irmã
CAPÍTULO 15. Carta da Fazenda de Itapuí
CAPÍTULO 16. Feminina antes do Feminismo
CAPÍTULO 17. Treze respostas da Senhorita H
CAPÍTULO 18. Fragilidade, teu nome é mulher
CAPÍTULO 19. Carta-bilhete da Mãe-Amada
CAPÍTULO 20. A vida é cheia de som e fúria
CAPÍTULO 21. Uma noite de amor é um livro de menos
CAPÍTULO 22. New York-Paris, é impossível ser feliz
CAPÍTULO 23. Um Testamento para a Senhorita H
CAPÍTULO 24. Era uma decisão radical
CAPÍTULO 25. Se tens um Projeto, constrói a Casa”
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Juarez Guimarães Dias é mineiro, radicado em Belo Horizonte, e nasceu em 14 de abril de 1978 em Conselheiro Lafaiete. É Doutor em Artes Cênicas (Unirio), Mestre em Literatura (PUC-Minas) e Bacharel em Comunicação Social (Uni-BH). É escritor, dramaturgo e encenador, designer gráfico e professor do Centro Universitário de Belo Horizonte (Uni-BH), onde é docente do curso de Publicidade e Propaganda. É autor de “O fluxo metanarrativo de Hilda Hilst em ‘Fluxo-floema’” (Ed. Annablume, 2010), obra oriunda de sua dissertação de Mestrado. Atualmente desenvolve o romance literário “A Casa da Senhora H” sobre a Casa do Sol da escritora Hilda Hilst, projeto contemplado pelo Prêmio Funarte/ Biblioteca Nacional de Criação Literária 2012.
Desde a infância tem apreço por livros (especialmente por romances e contos), o que o levou também a escrever literatura e a produzir jornais aos 11 anos de idade. Desde então, coleciona uma produção (não publicada) de 7 romances, 30 contos, alguns poemas e letras de música, crônicas, roteiros e dramaturgias e muitos textos inacabados. Entretanto, só assumiu profissionalmente o ofício da escrita a partir de sua experiência no teatro como dramaturgo e encenador e, mais recentemente, como escritor por meio do romance “A Casa da Senhora H”. Foi vencedor do Prêmio de Dramaturgia do Clube dos Escritores de Ipatinga/ USIMINAS com a peça (inédita) “Oriana tem que morrer”.
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